segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Um novo tempo virá

UM NOVO TEMPO VIRÁ

 



E de repente chegou aqui

O que parecia tão distante

E acontecia lá na China,

Na Espanha e na Itália.

Essa tal de Pandemia,

E olha que eu nem sabia

O que isso significava.


Agora estou em isolamento

Não posso ver meus amigos,                            

Não posso dar um rolê.                                                               

As escolas estão fechadas,                                     

Ninguém pode brincar nas ruas

Não posso nem ir ao parque,                           

Visitar os meus avós? 

Nem pensar.


E agora a minha vida

Ficou cheia de cuidados:

Lavar as mãos várias vezes,                              

Usar a máscara, álcool em gel

Porque essa tal de COVID                                              

Não está pra brincadeiras.


 Mas sei que um dia vai passar

Sei que um dia ela vai acabar

Vamos poder nos abraçar

E vou dançar e cantar.

Estou cheio de projetos

Estou com muita esperança

Para trilhar novas andanças

E seguir rumo ao sucesso!



Esse poema é fruto de nossas discussões e preocupações em reunião de um grupo de  trabalho da Escola Municipal Hélio Pellegrino. Ele conta com a contribuição especial do professor Reinaldo Freitas-geografia.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Racismo e pandemia

RACISMO E PANDEMIA

 

            A PANDEMIA da COVID 19 trouxe inúmeros dramas para a sociedade. Ela demonstrou de maneira incontroversa  que cada vez mais é imprescindível  investimento na educação, na saúde pública, em políticas que visem levar  a todos a assistência ampla e necessária em qualquer momento.

            Numa análise rápida, podemos dizer que ela “escancarou” além das mazelas da sociedade, o que muitos ainda insistem em negar: o racismo está presente entre nós.  Não somos e jamais fomos uma “democracia racial”, não somos esse povo amistoso, alegre e acolhedor. Basta olhar as notícias estampadas quase que diariamente na mídia.

            Por isso, sempre tão importante e atual, debater o tema. E isso não é  vitimização de um povo, viver no passado ou  queixas que podem cair no vazio de uma conversa superficial. É importante aprofundar o  debate, reconhecer, por mais doloroso que seja- que o racismo está  presente em nossos dias, e que a cor da pele, situação socioeconômica, a escolarização/remuneração, interferem diretamente na qualidade de vida, no acesso a tratamento de saúde e moradia dignas, saneamento básico e porque não dizer, sobrevivência.

             Nesse texto, pretendo falar de Racismo e saúde. Assim, à guisa de alinhavar ideias, penso ser importante ainda mais uma vez definir o que é racismo, as implicações jurídicas, pessoais e sociais desse fato lastimável.

            Racismo, de acordo com o dicionário online de Língua Portuguesa é o preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia diferente, geralmente se refere à segregação racial, trata-se de um comportamento hostil dirigido a pessoas, grupos sociais, etnias e/ou raças, tentando estabelecer a exaltação de uma raça em detrimento das demais.

            Ele é um fenômeno presente em diversas sociedades contemporâneas, e é um ato violento que causa sofrimento, mal-estar, perda da autoestima, e adoecimento. Isso porque, apesar do brasileiro ser de origem pluriétnica, plurirracial, mestiça e inegavelmente de maioria negra, ainda ocorre nesse território o tratamento diferenciado para brancos e negros e a prática do racismo torna-se uma constante.  Ser branco, no modelo vigente em nossa sociedade é ter acesso a melhores empregos, melhores salários, condições de vida. Desde muito cedo negras e negros percebem essa diferença.  A criança negra nasce com essa marca indelével, assim, é como se existisse uma idealização da branquitude. Ela é criticada por seu cabelo crespo, a cor da sua pele, seu nariz; ela acaba introjetando uma noção de que ser negro é ser inferior, é ser feio, portanto, o trauma da discriminação torna-se presença constante na sua vida e ela começa a acreditar que isso é verdade, é real. E ela cresce acreditando que  é incapaz e não merece um lugar de destaque. Essa ideia acompanha e persegue negros e negras por toda uma vida.

            E basta prestarmos atenção no que escutamos, nos dizeres do nosso povo e comprovarmos  que o racismo está presente em praticamente tudo. Ele está presente quando alguém fala em “humor negro”, “serviço de preto”, “sexta-feira negra”, “feito nas coxas”,” “ a coisa tá preta”, “mulata”, “cor do pecado”, “ samba do crioulo doido”, “nega maluca”, todas de caráter pejorativo e nem nos damos conta disso, porque naturalizamos e negamos a dor e o sofrimento do outro. Ou seja, o que é negro e preto é inferior é negativo. Já pararam para pensar que a cor do luto, da tristeza é o preto? Que o branco é colocado como a cor da pureza, da candura, dos anjos?

            Quando você quer explicar, tornar as ideias mais assimiláveis você diz que vai esclarecer, clarear as ideias, a fala. Se as coisas estão confusas, estão nebulosas. Até quando falamos de condições climáticas, se o tempo fechou, tornou-se pesado ele escureceu. E insisto, não nos damos conta disso.

            O racismo está presente nas instituições, no esporte, na cultura.

            A Constituição Federal define que o racismo é crime inafiançável, nos termos Inciso XLII do artigo 5º: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

            Além do que diz nossa Lei Maior, temos a LEI Nº 7.716, de 05/01/1989 que define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor. Essa Lei é conhecida como Lei Caó- apelido do autor do projeto, o advogado e jornalista baiano Carlos Alberto Oliveira, o Caó, deputado federal do Rio de Janeiro, morto em fevereiro de 2018.

            Decorridos tantos anos da promulgação da Constituição e do advento da Lei contra os crimes de racismo e injúria, muitos ainda continuam perpetrando atos racistas. 

            E a pergunta que não quer e nem pode calar é: por que isso persiste em nossa sociedade?

            -  Porque existem pessoas que acreditam que são seres superiores, que a cor da pele as distingue e que por isso podem ferir, magoar, insultar, ofender e desmerecer o outro que eles consideram inferior porque sua pele é preta.

            As crenças racistas permanecem em nossa sociedade, elas não recuaram apesar de toda a educação que hoje as pessoas têm, do conhecimento da Lei e suas imposições.

            É importante dizer que toda relação para se perfazer, precisa ser dialógica. É importante eu reconhecer que aquele Outro que está diante de mim merece o meu respeito, acolhida, merece ser ouvido e reconhecido como um igual.

            E  a pandemia? Qual a situação dos negros nessa conjuntura?

            Ela desvelou que ainda existem pessoas que não têm acesso a saneamento básico-rede de esgoto e água potável- portanto, não têm como cuidar da higiene das mãos e do corpo.

            Não têm como fazer  isolamento social, pois moram em casas pequenas, multifamiliares, sem recursos que lhes garanta o cuidado com a saúde e o bem-estar.

            E como higienizar usando álcool em gel se elas sequer têm dinheiro para comprar o necessário alimento?

            E as crianças? Elas não têm acesso a aulas remotas pois muitas  não possuem computadores, e/ou acesso à internet banda larga. Ou seja, a exclusão está estampada mais uma vez. Creches e escolas estão fechadas e trabalhadoras que não têm um núcleo de apoio, não têm onde deixar seus filhos.

            E falando do acesso à saúde, as estatísticas são assustadoras:

            Segundo dados do   Ministério da Saúde 1, atualmente, 80% da população que só tem o SUS como plano de saúde é negra. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2015), das pessoas que já se sentiram discriminadas nos serviços, por médicos ou outros profissionais de saúde, 13,6% destacam o viés racial da discriminação. Se essas pessoas  só têm  acesso ao SUS, sabemos que ficarão à mercê do surgimento de vagas, de leitos de enfermaria e até mesmo leitos de UTI, ou seja, o tempo de espera pode ser ainda mais fatal em uma situação como a que vivemos agora com a pandemia da COVID.

            Há alguns anos, foi divulgada uma pesquisa feita pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Fundo Baobá. Ela apontou que 15,2% dos negros têm plano de saúde, contra 31,3%, dos brancos.

            O site da ABRASCO2, em pesquisa realizada no mês de abril deste ano, indica que      o Ministério da Saúde já havia apontado altas taxas de mortalidade por COVID-19 entre os negros, uma categoria que inclui pessoas que se identificam como “pretas” e “pardas” no censo demográfico. As autoridades do município de São Paulo também anunciaram que as taxas de mortalidade entre os pacientes com COVID-19 eram mais altas entre os negros. Dados coletados no mês de maio por pesquisadores independentes para mais de 5.500 municípios mostram que 55% dos pacientes negros, hospitalizados com COVID-19 em estado grave, morreram em comparação com 34% dos pacientes brancos.

(A íntegra desse matéria pode ser acessada no link ao final desse texto.)

            E esses dados só passaram a ser compilados a partir do mês de abril por força da  pressão da Coalizão Negra por Direitos, um grupo de 150 entidades que,  enviou uma carta ao Ministério da Saúde e às secretarias de saúde de todos os estados pedindo a divulgação da cor, do gênero e dos bairro dos infectados. Portanto se não fosse por iniciativa de grupos organizados, nem saberíamos a situação de negros e negras durante a pandemia no nosso país. Ou seja, mais uma vez, seriam inviabilizados.

            A revista Galileu traz mais um dado alarmante: uma análise da Agência Pública mostrou que há uma morte para cada três brasileiros negros hospitalizados por Covid-19, enquanto entre brancos a proporção é de uma morte a cada 4,4 internações.

            Concluindo, não há como negar, negros continuam sendo massacrados, assassinados e colocados à margem de todos os benefícios.

             As mudanças são urgentes e necessárias. Não dá mais para continuarmos abrindo as páginas dos jornais e nos deparamos com a notícia de que mais um jovem negro foi assassinado, que uma criança negra foi abandonada num elevador e, morreu, que uma menina negra foi estuprada. Uma mulher negra foi maltratada num consultório médico.

            O Brasil precisa entender que todos têm os mesmos direitos.

            Quero citar a grande filósofa Sueli Carneiro:

            “O racismo é um sistema de dominação, exploração e exclusão que exige a resistência sistemática dos grupos por ele oprimidos, e a organização política é essencial para esse enfrentamento.”

 

 

 

 

 

Links:

1-https://www.canalsaude.fiocruz.br/noticias/noticiaAberta/negros-tem-maior-incidencia-de-problemas-de-saude-evitaveis-no-brasil-alerta-onu-2018-02-01#

2-https://www.abrasco.org.br/site/gtracismoesaude/2020/07/20/por-que-a-covid-19-e-mais-mortal-para-a-populacao-negra-artigo-de-edna-araujo-e-kia-caldwell/).

terça-feira, 13 de novembro de 2018


NOITE DE TERROR

É noite de lua cheia
é noite fria de inverno,
ao longe  surge um esqueleto,
que vem balançando
os ossos
Clac...CLAC...clac...CLAC
e se desfaz na ventania.

Na casa mal- assombrada
a Pisadeira grita...
voam correntes pelo ar,
voam sapos,
surgem Aliens e baratas.

Dá medo e dá agonia,
tem aranhas ameaçadoras,
têm caveiras,
tem Boitatá
e também  assombração.


Uivam lobos pelas ruas
lobo/ homem, lobisomem.
Galopa a mula sem cabeça, 
a cuca vem pegar criança.
Montado no Boi da Cara Preta
o Saci Pererê avança….

E vem chegando o Curupira
e a loira do Bonfim.
O Motoqueiro Fantasma,
na estrada que não tem mais fim.
Ratos saem dos bueiros                                                              
e morcegos voam sem asas.

Chega a gangue dos palhaços,
o Freddy Krueger, o Chuck e o Chupa-Cabra.
Eles vêm tocando ao vento, a sinfonia dos fantasmas.
É a festa da noite das bruxas 
é o baile do terror
é Halloween é lenda e mistério,
é fantasia e horror!



quinta-feira, 26 de outubro de 2017




 Tudo e nada....


Tudo que eu não sei,  não sei....

Chorar, vagar,

Perder-me nas ondas de um mar/amar

Explodir de paixão

E no fim de tudo,

Solidão.

Querer

Prazer

E

Ter

Tesão/

Explosão


....

quinta-feira, 27 de abril de 2017


"Amar é um deserto e seus temores"
                                                         Djavan


Amar e amor. Quanta  ternura, emoção e  lembranças em duas palavras tão pequenas,  tão significativas. Quantos cantaram, louvaram, idealizaram  e ainda falam sobre o amor e as muitas maneiras de amar...  É um tema inesgotável. Infinito.  O poeta, mais sábio do  que muitos sábios já havia dito:  " que seja infinito enquanto dure." Mas nós,  humildes mortais, não conseguimos entender a mensagem. Continuamos aprisionando, questionando, cobrando e desejando que o amor se encaixe na nossa visão de mundo, nosso desejo de controlar tudo, nossa onipotência...  Por que ansiamos tanto por certezas? Por que tentamos tanto e incansavelmente segurar entre as mãos momentos tão fugazes? A nossa tentativa de racionalizar o amor é assustadora. E sempre fracassa. O nosso desejo de controlar tudo, avassalador . Não nos deixa viver. Ficamos tão preocupados com o futuro(que não existe) que deixamos de gozar  o presente,  de enlouquecer de amor e prazer, só porque temos medo do futuro, da solidão, do vazio. E nessa busca enlouquecida do que é certo e razoável,  perdemos a oportunidade de viver momentos deliciosos, de nos enamorarmos, de viver uma grande paixão. Abrimos mão  da grande delícia que é ansiar por alguém,  beijar, abraçar, dividir um sorvete, um doce, tropeçar nas palavras, sentir um cheiro.... De ficar enroscada com alguém no sofá, "sem fazer nada", de rir o mesmo riso, de tudo e de nada, de ter segredos, de adivinhar olhares e sonhos.... E nessa vida de tantos desenganos e desencontros, as  apostas amorosas,  os sonhos românticos, as pequenas lembranças , as  alegrias e tristezas, são a razão do nosso viver.  Um olhar, um gesto, uma palavra. Pronto! Já estamos irremediavelmente fisgados por alguém e "presos" na sua teia amorosa. Tudo está certo, no lugar certo e precisa acontecer. E é nesse momento de distração que surge repentinamente  a senhora razão, os porquês... E começa a estragar tudo. Determinamos  que o  nosso amor seja exatamente como nós, com nossas manias, nossos medos, nossa vontade de controlar tudo, mudar o destino.E aquela pessoa pela qual nos encantamos, deixa de ser nosso bem-querer para ser aquele ou aquela que desejamos moldar à nossa maneira.Começamos com pequenas coisas:  Sugerimos uma roupa diferente, uma maneira diferente de pensar,tentamos transformar a pessoa, antes única, na nossa cópia, ou em outra pessoa qualquer,não   aquela pela qual nos apaixonamos, que um dia amamos, desejamos, queremos o nosso espelho, por mais turvo e embaçado que seja ...   E perdemos um tempo precioso nessa arquitetura que com o tempo vai fazer ruir todo carinho, vai apagar  a paixão, a vontade de ficar, de namorar.... É  hora de viver! É hora de apaixonar, de querer, de seduzir. É mais que hora de amar. Simplesmente por querer, por sorrir e sonhar. Apenas e unicamente para amar....




sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Paixão





O que faz queimar meu coração?

Fogo e paixão.
E o que mais dói na minha solidão?
Desilusão ...
E o que eu busco no infinito?
O seu amor, que é tão bonito.
O que faz calar o meu grito? 
Seus braços, meu abrigo.
O que me faz enlouquecer? 
Estar sem você.

O que há em mim, longe de você ?
apenas querer.
E o que faz seguir sua trilha?
Sua estrela, minha  guia.
O que fazer, quando a noite
me angustia...
Esperar você, me alivia...
 




Inspirado em: "Um amor puro" de Djavan