"Amar é um deserto e seus temores"
Djavan
Amar e amor. Quanta ternura, emoção e lembranças em duas palavras tão pequenas, tão significativas. Quantos cantaram, louvaram, idealizaram e ainda falam sobre o amor e as muitas maneiras de amar... É um tema inesgotável. Infinito. O poeta, mais sábio do que muitos sábios já havia dito: " que seja infinito enquanto dure." Mas nós, humildes mortais, não conseguimos entender a mensagem. Continuamos aprisionando, questionando, cobrando e desejando que o amor se encaixe na nossa visão de mundo, nosso desejo de controlar tudo, nossa onipotência... Por que ansiamos tanto por certezas? Por que tentamos tanto e incansavelmente segurar entre as mãos momentos tão fugazes? A nossa tentativa de racionalizar o amor é assustadora. E sempre fracassa. O nosso desejo de controlar tudo, avassalador . Não nos deixa viver. Ficamos tão preocupados com o futuro(que não existe) que deixamos de gozar o presente, de enlouquecer de amor e prazer, só porque temos medo do futuro, da solidão, do vazio. E nessa busca enlouquecida do que é certo e razoável, perdemos a oportunidade de viver momentos deliciosos, de nos enamorarmos, de viver uma grande paixão. Abrimos mão da grande delícia que é ansiar por alguém, beijar, abraçar, dividir um sorvete, um doce, tropeçar nas palavras, sentir um cheiro.... De ficar enroscada com alguém no sofá, "sem fazer nada", de rir o mesmo riso, de tudo e de nada, de ter segredos, de adivinhar olhares e sonhos.... E nessa vida de tantos desenganos e
desencontros, as apostas amorosas, os sonhos românticos, as pequenas lembranças , as alegrias e tristezas, são a razão do nosso viver. Um olhar, um gesto, uma palavra. Pronto!
Já estamos irremediavelmente fisgados por alguém e "presos" na sua teia
amorosa. Tudo está certo, no lugar certo e precisa acontecer. E é nesse momento de distração que surge repentinamente a senhora razão, os porquês... E começa a estragar tudo. Determinamos que o nosso amor seja exatamente como nós, com nossas manias, nossos medos, nossa vontade de controlar tudo, mudar o destino.E aquela pessoa pela qual nos encantamos, deixa de ser nosso bem-querer para ser aquele ou aquela que desejamos moldar à nossa maneira.Começamos com pequenas coisas: Sugerimos uma roupa diferente, uma maneira diferente de pensar,tentamos transformar a pessoa, antes única, na nossa cópia, ou em outra pessoa qualquer,não aquela pela qual nos apaixonamos, que um dia amamos, desejamos, queremos o nosso espelho, por mais turvo e embaçado que seja ... E
perdemos um tempo precioso nessa arquitetura que com o tempo vai fazer
ruir todo carinho, vai apagar a paixão, a vontade de ficar, de namorar.... É hora de viver! É hora de apaixonar, de querer, de seduzir. É mais que hora de amar. Simplesmente por querer, por sorrir e sonhar. Apenas e unicamente para amar....
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