quinta-feira, 27 de abril de 2017


"Amar é um deserto e seus temores"
                                                         Djavan


Amar e amor. Quanta  ternura, emoção e  lembranças em duas palavras tão pequenas,  tão significativas. Quantos cantaram, louvaram, idealizaram  e ainda falam sobre o amor e as muitas maneiras de amar...  É um tema inesgotável. Infinito.  O poeta, mais sábio do  que muitos sábios já havia dito:  " que seja infinito enquanto dure." Mas nós,  humildes mortais, não conseguimos entender a mensagem. Continuamos aprisionando, questionando, cobrando e desejando que o amor se encaixe na nossa visão de mundo, nosso desejo de controlar tudo, nossa onipotência...  Por que ansiamos tanto por certezas? Por que tentamos tanto e incansavelmente segurar entre as mãos momentos tão fugazes? A nossa tentativa de racionalizar o amor é assustadora. E sempre fracassa. O nosso desejo de controlar tudo, avassalador . Não nos deixa viver. Ficamos tão preocupados com o futuro(que não existe) que deixamos de gozar  o presente,  de enlouquecer de amor e prazer, só porque temos medo do futuro, da solidão, do vazio. E nessa busca enlouquecida do que é certo e razoável,  perdemos a oportunidade de viver momentos deliciosos, de nos enamorarmos, de viver uma grande paixão. Abrimos mão  da grande delícia que é ansiar por alguém,  beijar, abraçar, dividir um sorvete, um doce, tropeçar nas palavras, sentir um cheiro.... De ficar enroscada com alguém no sofá, "sem fazer nada", de rir o mesmo riso, de tudo e de nada, de ter segredos, de adivinhar olhares e sonhos.... E nessa vida de tantos desenganos e desencontros, as  apostas amorosas,  os sonhos românticos, as pequenas lembranças , as  alegrias e tristezas, são a razão do nosso viver.  Um olhar, um gesto, uma palavra. Pronto! Já estamos irremediavelmente fisgados por alguém e "presos" na sua teia amorosa. Tudo está certo, no lugar certo e precisa acontecer. E é nesse momento de distração que surge repentinamente  a senhora razão, os porquês... E começa a estragar tudo. Determinamos  que o  nosso amor seja exatamente como nós, com nossas manias, nossos medos, nossa vontade de controlar tudo, mudar o destino.E aquela pessoa pela qual nos encantamos, deixa de ser nosso bem-querer para ser aquele ou aquela que desejamos moldar à nossa maneira.Começamos com pequenas coisas:  Sugerimos uma roupa diferente, uma maneira diferente de pensar,tentamos transformar a pessoa, antes única, na nossa cópia, ou em outra pessoa qualquer,não   aquela pela qual nos apaixonamos, que um dia amamos, desejamos, queremos o nosso espelho, por mais turvo e embaçado que seja ...   E perdemos um tempo precioso nessa arquitetura que com o tempo vai fazer ruir todo carinho, vai apagar  a paixão, a vontade de ficar, de namorar.... É  hora de viver! É hora de apaixonar, de querer, de seduzir. É mais que hora de amar. Simplesmente por querer, por sorrir e sonhar. Apenas e unicamente para amar....