quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Sentença da liberdade




" No limite de cada liberdade há uma sentença; é por essa razão que a liberdade é tão difícil de aguentar, principalmente quando se está tomado pela febre, ou em desgraça, ou não está amando ninguém.” Fassbinder

      Já dizia o filósofo que o “homem sofre por desejar o que não pode alcançar”. Mas e o que é sofrimento? O que move a vida senão uma constante busca, o desejo, a luta por aquilo que pensamos ser o melhor, o nosso pedaço de paraíso?
       Entendo que não haveria razão para viver se ficássemos no piloto automático, máquinas alimentadas por uma função a realizar, um papel a cumprir.
      Viver é certamente buscar novos horizontes, desejar algo e nos movermos nesta direção. É o que nos anima. Se perdermos o foco,  a motivação, também perderemos o prazer pela vida. 
    Não tenho título de filósofa, mas penso, portanto, não consigo aceitar passivamente a desistência dos sonhos e o esquecimento das fantasias. Pode ser até muito bacana esse negócio de levar uma vida ascética, isenta de desejos e ansiedades, livre das pressões do mundo moderno. Mas isso é para aqueles que já atingiram o Nirvana, não para simples mortais, fadados às intempéries que a vida oferece a cada dia.
    Se sonhar e não alcançar é  sofrimento, precisamos pagar o preço. É o processo civilizatório, já dizia Freud há muito tempo, antes mesmo do surgimento de tantas misérias humanas que são  oferecidas todos os dias como “espetáculo” aos nossos olhos.
     Seria estranho passar pelas fases da vida, para logo adiante nos acomodarmos perante os obstáculos. Então para que viver? Por que sonhar?
      Esse tipo de ideia faria com que o mundo perdesse  seus inventores, inovadores, não teríamos a cura de diversas doenças, as novas tecnologias, não precisaríamos contar as histórias, pesquisar livros e biografias. Para quê?
       Todas as vezes que acontece uma tragédia como a recentemente divulgada em todos os jornais,  nos perguntamos onde foi que erramos? O que leva alguém a cometer um crime de tamanha dimensão? Quantas famílias e amigos enlutados, quantos sonhos desfeitos?
        Lógico que neste momento surgirão as mais diversas análises, hipóteses e teorias para o que aconteceu. Qualificarão o rapaz,  cabelos de fogo(estranha metáfora) de monstro, psicopata, paranoico, sei lá mais o quê. De dolorosamente concreto a tristeza pela perda de pessoas amadas, de vidas tragicamente ceifadas, sorrisos que não mais  se abrirão. Estarão encantados para sempre e,  como diz o Tutti Maravilha, viraram “estrelas”.  Talvez seja o único consolo para os que ficaram.
       Aquele que empunhou as armas “não estava amando ninguém”, portanto, em desgraça. E esta é a sua sentença. Talvez tenha parado de sonhar, desacreditou do mundo,   do amanhã,. Deixou de ver a beleza das flores, das noites de luar. Dedicou-se às armas, à estratégia de guerra, a semear o luto. Ficou “perdido de armas na mão”. 
       Que a dor dos que ficaram  e a ausência dos que partiram,  consiga fazer com que  cada um de nós reflita  sobre o nosso papel nesta vida. Semear flores, plantar sorrisos, dividir ternura, não é uma utopia. É preservação da espécie humana.

sábado, 14 de julho de 2012

Eu quero os meus óculos

Eu quero os meus óculos!!!

Sábado pela manhã fui buscar os meus óculos. Ufa!!! Voltaria a ver o mundo plenamente, com todas as suas cores e formas. Eu não nasci de óculos. Não. A exemplo da música dos Paralamas: “eu não nasci de óculos, eu não era assim”, mas, com o tempo as lentes se tornaram imprescindíveis. Mais do que isso, quase uma parte indestacável  do meu corpo.
 Enfim, chegou o dia. Fui buscar os meus óculos. É claro que com isto não se brinca, afinal os olhos são “a janela para o mundo” então, para aviar os meus,  como costuma dizer a minha mãe, escolhi uma das  óticas mais tradicionais da cidade.  Talvez  mais antiga (isto inspira respeito!). Adentrei a loja como  pioneira que desbrava um mundo novo. Saquei da bolsa o comprovante  de pagamento e entreguei à atendente. Enquanto esperava olhava ao redor. Interessante, alguém já reparou o quanto são lindos os modelos nas óticas? Tem aquela loura altíssima, cujas pernas, reza a lenda, são quase toda a minha altura. E os olhos então?! Cristalinos, duas pedras azulíssimas. Parece que ela tem uma marca de armações bem modernas, que ensejam  dar uma leveza ao rosto de quem as adquire. Pelo menos é a “mensagem” vendida pela publicidade. Há ainda aquela outra, atriz de novela,  que passa a imagem de uma mulher mais clássica, tipo Sophia Loren. E os rapazes então? Cada um mais bonito do que o outro, parecem saídos de um sonho: ou é um atleta daqueles dignos do Olimpo, ou cantor de maior sucesso no momento, o piloto de fórmula 1,  aquele ator espetacular com um olhar tipo: me leva pra casa....Ah...
Bom, em que pese a beleza dos modelos, lentes e  armações, a escolha de um óculos é quase que uma maratona. Existem para todos os gostos e bolsos. Alguns são tipo retrô, vintage, outros modernos, fashion e sei lá mais o quê. E as tais  lentes?  Eu nem imagiva que existiam tantas: de cristal, policarbonato, bifocal, multifocal, progressiva, polarizada e até orgânica (e eu que pensava que orgânica era coisa do povo muito chegado à Ecologia, ô ignorância!).
 Escolhida a lente e a armação feitas as medidas, os ajustes,  vamos tratar do preço. É o momento de pensar se ele caberá no orçamento do mês, se dá para fazer no cartão,  em  quantas parcelas e se vou conseguir aquele desconto camarada que nunca passa dos 5% . E a mocinha simpática que me atendia, diz que não pode ser mais, que é a “política” da loja. Política??? Tá certo, estamos em época de eleições.
Bom, tudo isso eu pensava ou rememorava, porque simpática mocinha “sumira” por muitos minutos. E olha que nem me ofereceram um cafezinho, um copo d’água, nada. Já notaram como as coisas ficam estranhas quando algo não sai exatamente como o esperado? Fica um clima de tensão no ar, o interdito, ou não dito. O certo é que, volta e meia alguém me dava um sorriso amarelo e eu fiquei pensando se a minha presença ali numa certa insistência,  estava se tornando um incômodo. Também não sei dizer quanto tempo depois a não- mais sorridente  mocinha voltou,  dizendo que “consultei o nosso sistema e o seu pedido ainda não se encontra pronto”. Meu Deus! Levou quase uma “eternidade” para dizer que os meus óculos não estavam prontos? E precisa de sistema para me dizer isto? Não era só verificar em algum lugar previamente estabelecido (por questão de  organização). Era o mínimo.  Sistema é coisa de Matemática ou Informática. Eu não preciso do sistema, preciso dos meus  óculos! Já faz quase um mês! E olha que eu nem vim busca-los na data marcada ai nesse pedacinho de papel. Esperei chegar o final de semana. E você levou este tempo todo só pra me dizer isto? Só isto? E como eu fico agora? Preciso ver o mundo por inteiro e não apenas uma fração, tá ligada?
A senhora precisa entender, nosso laboratório não funciona aos sábados e, no “sistema”,  não há nenhuma observação sobre o seu problema.
Problema? Eu não tenho nenhum problema, eu tenho miopia, bolas.  E quem está com problema é você. Eu quero os meus óculos, nada mais.
A mocinha, agora nem um pouco simpática, continuou me olhando,indecisa, sem saber o que falar. Que constrangimento! Eu estava ali, indignada, querendo os meus óculos. Todas  as justificativas que ela me apresentava  não eram suficientes.  Agora, nem me emprestando óculos sobressalentes, nem oferecendo “aquele” desconto que a política da loja não permitia.
Prometeu-me que na segunda-feira, eu teria uma solução para o meu problema (meu não, da loja, é claro). E a senhora nem precisará vir aqui. Telefonarei assim que conseguir falar com o pessoal do laboratório.
 Deve ser da Nasa esse laboratório, pensei.
Sai da ótica decepcionada. Lembrei-me da história de Miguilim, do imortal João Guimarães Rosa. Ele não sabia que era míope e quando pela primeira vez colocou óculos: “...Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo.”
Pois é menino Joãozito, hoje eu entendi a mensagem do menino Miguilim que sempre morou em você. E espero que o pessoal da loja, a mocinha quase simpática, a turma   do laboratório e do tal “sistema” também consigam entender.Eu quero os meus óculos!!!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Eta vida mais ou menos



ETA VIDA MAIS OU MENOS

               Na vida há todo tipo de gente: engraçada, sem graça alguma, feliz. Há  os pessimistas,  daquele tipo que adoece até as pedras com sua desilusão perante a vida. Os extremamente otimistas, que enxergam o mundo com óculos cor de rosa de aro dourado. Existe gente para todos os gostos, desde o fanático religioso, o louco por futebol, o que só fala em política, o moralista, enfim, se fosse enumerar os tipos humanos com os quais nos deparamos por ai,  dava para encher folhas e mais folhas e não conseguiria esgotar o assunto.
               De todas as pessoas que já encontrei pela vida afora, tive o privilégio de conviver com um realmente sui generis. Não que fosse uma pessoa tão  diferente, ou que pudesse ser considerado brilhantíssimo,tipo gênio. Não, pois à primeira vista as pessoas diriam que ele era alguém que não seria percebido no meio de uma multidão pela simplicidade e despojamento,  porém, bastava o convívio por alguns momentos, ah....
               Lembrei-me dele por causa de um acontecimento recente. Cidade lotada, trânsito caótico, buzinaço, congestionamento, calor quase insuportável, ônibus atrasados e ele lá, assentado no chão, aparentemente indiferente ao movimento ao redor. Fiquei surpresa quando o vi afrouxar a gravata e tirar os sapatos. Não satisfeito, achou por bem estender as pernas e, num gesto da mais extrema descontração exclamou: eta vida mais ou menos!
               Fiquei surpresa não com as ações, posto que bem típicas do colega. O que me surpreendeu foi a expressão da mais plena felicidade, quase que de gozo. Quem visse a cena e não olhasse ao redor, para a barulheira, para o caos que se instalara, até poderia acreditar que meu amigo usufruía de um momento de lazer, que estava rememorando algo muito agradável, sei lá mais o quê. Nós estávamos ali, no final do expediente, aguardando um ônibus que certamente viria superlotado, que enfrentaríamos pelo menos mais uma hora até chegarmos em casa e ele  sentado sossegadamente  " à beira do caminho",  como se estivesse num trono ,um rei  rodeado por seus súditos mais fiéis.
               Escuta aqui seu maluco, fui logo falando, onde você pensa que está? Numa praia no Caribe? Sentado às margens do Sena, numa gôndola em Veneza? Enlouqueceu de vez?
               Não enlouqueci,  ele disse no melhor humor. Seguinte, nem fazemos ideia de como  ou quando vamos chegar em casa, mas  quando  chegarmos, é lucro.  Pensa bem: casa, comida e roupa lavada, cheirosinha, prontinha para ser usada. Já pensou quantas pessoas não têm isso? Mais ainda, quantos saíram e não voltarão para casa?
                Tudo bem pensei, ele estava certo, mas, me ajuda ai, a tal expressão de felicidade  continuava incomodando. Não via razão para tanto.  Qual o quê, colega, vai me dizer que você realmente está satisfeito com nossa situação?  Com o salário que nem dá para chegar até o final do mês?  Contas e mais contas para pagar, o tumulto de todos os dias no escritório, o chefe reclamando a toda hora, e isso e aquilo e etc, etc, etc...
(...)
               Bom, sempre pode melhorar um pouquinho que ninguém é de ferro, mas, pensa bem, estamos aqui, cumprimos nosso dever, fizemos nosso trabalho, amanhã começa tudo novamente, a rotina com a qual  já estamos acostumados há anos.  Temos capacidade para resolvermos  os problemas que surgirem e o melhor de tudo: estamos vivos e isto é uma dádiva. Mais que isso, você já pensou nos inúmeros milagres que aconteceram na sua vida até o dia de hoje?
             Pirou de vez, pensei.
           E ele enumerou o que considerava os milagres em nossa vida. Aproveitou para abordar um vendedor de picolé que passava por ali e regalar-se com o que dizia ser a delícia das delícias. E continuava constatando que  tudo o que eu achava entediante, maçante e desesperador eram  fatos normais da vida, coisas que, para ele, deveríamos agradecer e usufruir, pois o segredo de viver bem, dizia, é caminhar no  ritmo da vida. “ando devagar porque já tive pressa”,já ouviu isso?  Excepcional!  E ainda fez questão de me contar, não sei se verdade ou não, o caso de um executivo que se atrasara para o trabalho no World Trade Center,  porque sua mulher havia pedido  que  ele deixasse  a filhinha na escola. O sujeito ficara furioso, pois,  tinha uma reunião muito importante,  e foi exatamente por isso que ele deixou de ser uma das vítimas do 11 de setembro.  Bom, não era o dia dele, dei de ombros, fazendo pouco caso do otimismo que eu considerava exagerado, mas ele não se deu por vencido e continuou citando casos do acaso, de acidentes que foram evitados, de gente que sobreviveu a terremotos, soterramentos, dos mineiros do Chile, enfim, tanta informação que sugeri que ele escrevesse um livro de autoajuda. Faria mais sucesso do que muitos “gurus” que andam por aí, ironizei.  Meu amigo sorriu e explicou que a escrita não era sua praia, eu bem sabia, que seu talento realmente era com os números. Com eles sim, fazia prodígios.
               E tenho certeza de que ele continuaria falando incansavelmente , mas, não sei se por um daqueles milagres em que ele dizia acreditar, o ônibus chegou. Lotado, é claro, quase que não deu para entrarmos e só conseguimos depois de muitos empurrões. Então, provoquei, vai me convencer que isto aqui é o paraíso?
               Meu amigo sorriu, ofereceu-me um fone de ouvido. Vamos compartilhar, um pouco de música que fala para a alma.  Meu filho baixou estas e elas são  maravilhosas, acho que até  você vai gostar.
               Não sei traduzir a vibração, a força que senti emanar daquele coro espetacular, meu inglês é sofrível, mas o que entendi é que eles cantavam: Go down Moses( Let my people go). Ele depois me explicou que era um coral do Harlem e que oportunamente me  falaria um pouco mais sobre eles.
               É pois é, eta vida mais ou menos. Enfim, entendi, depende da perspectiva...

domingo, 8 de julho de 2012

"Forró do Augustão"

Sábado teve forró na E.E.Augusto da Lima.  Muita canjica, caldo de feijão, pipoca crocante, tropeiro, e muita alegria.

Festas juninas ou festas dos santos populares são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de verão na europa ou do inverno no Brasil, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "Festa de São João". Os outros dois santos populares celebrados nesta mesma época são São Pedro e São Paulo (no dia 29) e Santo Antônio (no dia 13). Wikipédia.
Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira tem relação com as festividades que ocorrem durante o mês de junho  e a outra está na origem em países católicos  da Europa e portanto, em homenagem a São João. De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal). Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. (www.suapesquisa.com/musicascultura)

A quadrilha é uma dança típica das festas Juninas: Santo Antônio, São Pedro e São João. Surgiu em Paris,  no séc. XVIII sendo dança da aristocracia e dava abertura aos bailes das cortes europeias, sendo dançada também após as colheitas, festas religiosas e casamentos.
Veio para o Brtasil no séc. XIX, na época de Regência e alcançou prestígio na sociedade, numa época em que a elite brasileira estava voltada para a Europa, sobretudo para a França. Aqui ela se popularizou e dos salões foi levadas às fazendas, ao campo e às cidades.
O casamento na roça é uma brincadeira bem humorada  que satiriza os casamentos tradicionais; a fogueira simboliza a proteção contra os maus espíritos, as simpatias buscam conseguir sorte no amor e as comidas típicas são uma forma de agradecimento pela fartura das colheitas, principalmente do milho.

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